segunda-feira, 19 de julho de 2010

ÌMÓ – Panorama do Pensamento Negro Brasileiro.

Mestres e doutores debatem a questão racial brasileira sob o ponto de vista da Antropologia, História, Sociologia, Lingüística, Educação e Serviço Social.

Trezentos e cinqüenta anos de luta contra a escravidão e cento e vinte e um de combate a discriminação racial, protagonizadas pelo povo negro brasileiro, redundaram em significativas vitórias, em especial nas últimas três décadas. Conquistou-se espaços no trabalho, na qualificação profissional, no ensino superior, na presença na mídia (de maneira positiva e não estigmatizada) e mesmo nas instâncias do Estado ; no Parlamento, nos executivos e até no Poder Judiciário, embora muito ainda seja necessário nosso país possa ser chamado de, de fato, na tão sonhada « democracia racial ».
Há algum tempo, pesquisadores negros têm investido na carreira acadêmica a partir da compreensão que a Academia, onde se produz a filosofia e ciência oficiais, não é neutra e pode gerar teorias tanto do ponto de vista das elites como do ponto de vista dos oprimidos que, no nosso País, é composta majoritariamente por afrodescendentes. Superando a histórica condição de objetos de estudos científicos, negras e negros brasileiros resolveram romper essa nova barreira desenvolvendo pesquisas nas várias disciplinas das ciências humanas, dos códigos e linguagens, das ciências exatas, biomédicas e da filosofia.
Essa produção intelectual, entretanto, na maioria das vezes, fica arquivada nas instituições e não voltam para a sociedade. A falta de visibilidade desta produção teórica, além de não fazer justiça ao esforço destes pesquisadores, significa uma grave ausência na produção do pensamento no nosso país.
O livro ÌMÓ – Panorama do Pensamento Negro Brasileiro surge com o propósito de preencher essa lacuna e dar visibilidade a produção teórica de mulheres e homens negros das mais diversas áreas do conhecimento. Pretende, ainda, contribuir com o papel social da Pesquisa, disponibilizando-a à toda sociedade, evitando que seja apropriada e hegemonizada apenas por sua elite intelectual.
Ramatis Jacino, organizador e um dos autores. Professor da rede estadual de ensino do estado de São Paulo. Mestre em História Econômica pela USP, doutorando pela mesma universidade. Em A INTEGRAÇÃO ABORTADA estudando testamentos de brancos e negros de 1850 à 1853 constata certa ascensão social dos negros em São Paulo, interrompida posteriormente.


Autores:
Anatalina Lourenço da Silva, professora da rede pública estadual, especialista em Educação pela Unicamp e mestre em História pela PUC/SP. Estuda os forrós para compreender o papel do lazer para a população negra e moradora da periferia de São Paulo

João Batista de Jesus Félix, professor da Universidade Federal de Tocantins. Mestre e doutor em Antropologia pela USP. Em O NEGRO NA MÍDIA TELEVISIVA BRASILEIRA compara o tratamento dado às famílias e indivíduos negros pelos seriados norte-americanos e as novelas brasileiras.

Gevanilda Santos. Professora universitária aposentada. Mestre em História pela PUC/SP. Em A ORGANIZAÇÃO DOS NEGROS NO PARTIDO DOS TRABALHADORES E NA SOCIEDADE BRASILEIRA aborda a participação política dos negros no período da redemocratização no nosso país.

Ilda Ferreira. Professora da rede pública estadual. Mestre em Lingüística Aplicada. Analisa o papel do trabalho prescrito e o efetivamente realizado na atuação de uma professora do 4º. Ano do Ensino Fundamental.

Lauro Cornélio da Rocha. Professor da rede pública municipal de São Paulo. Mestre em História Econômica pela USP. Em A EXCLUSÃO DO NEGRO – 1850-1888 - UMA INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA DAS LEIS ABOLOCIONISTAS discute o papel das leis abolicionistas na transição do trabalho escravo para o trabalho assalariado.

Natalina Almeida de Jesus. Assistente Social do Tribunal de Justiça do Estado de S.P. Mestre em Serviço Social pela PUC/SP. Em O AVESSO DO DIREITO; PERFIL DAS RELAÇÕES SOCIAIS DO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI problematiza as dificuldades para reinserção social de jovens com histórico de conflito com a Lei.

Reinaldo José de Oliveira. Pesquisador pós doc da PUC/SP, doutor em Ciência Sociais pela mesma universidade. Em O QUE É UM TERRITÓRIO NEGRO? discute os espaços urbanos e as formas de apropriação por grupos étnicos e sociais

Ricardo Marcolino Pinto. Professor da rede pública do estado de São Paulo. Mestre em História Social pela USP. Em a INTELLIGENTSIA E “FIN DE SIÉCLE” NO BRASIL: UM CONVITE Á REFLEXÃO NEGRA discorre sobre os debates acadêmicos em torno da questão racial no final do século XIX e começo do XX.

Richard Guimarães Brito. Professor da rede pública estadual. Pós graduado em Educação Física e mestrando em Psicologia da Educação pela PUC/SP. No seu texto desenvolve debate sobre a qualidade e perspectivas do Ensino Fundamental.

Sônia Maria Nolasco. Professora universitária e da rede pública estadual. Mestre em Lingüística Aplicada pela PUC/SP. Em OS SENTIDOS/SIGNIFICADOS DO DISCURSO DO PRIMEIRO PRESIDENTE NEGRO DOS ESTADOS UNIDOS analisa o discurso do presidente Barak Obama.

Vera Lucia Benedito. Doutora em Sociologia e Estudos Urbanos pela Universidade Estadual de Michigan, EUA. Em IMIGRAÇÃO CARIBENHA PARA O BRASIL - DE 1907 À 1912 discorre a respeito da vinda de trabalhadores negros do Caribe para o Brasil no período da construção da ferrovia Madeira Mamoré
Zumbi - Release

Zumbi, Epopéia de Zumbi dos Palmares, o herói negro brasileiro é um livro escrito pelo jornalista e poeta Jonathas Wagner e pelo historiador, pesquisador da Universidade de São Paulo - USP, Ramatis Jacino. Indicado ao público infanto-juvenil e recomendável ao ensino fundamental, adaptado como livro paradidático em forma de poesias conta a vida do líder negro Zumbi dos Palmares - símbolo da resistência negra contra a escravidão. Zumbi nasceu livre, em Palmares mas foi capturado ainda criança e entregue a um padre católico. Ao atingir a adolescência fugiu e voltou a viver no quilombo, começando assim a traçar a sua história de lutas e glórias. Com 88 páginas e utilizando versos de sete frases, ricamente ilustrado por Ideraldo Simões, os autores tecem um diálogo de uma forma simples sobre as mais espetaculares batalhas pela liberdade, contribuindo de uma maneira bastante significativa para a preservação da memória do maior ícone da resistência negra ao escravismo.


Zumbi, Jonathas Wagner e Ramatis Jacino. Nefertiti Editora Ltda., 2009, 88 páginas. História do Brasil(Paradidático). Áreas de interesse: História, Sociologia, Antropologia, Economia.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Branqueamento do Trabalho - Release

O Branqueamento do Trabalho, Ramatis Jacino. Nefertiti Editora Ltda., 2008, 168 páginas, formato 18 cm x 11 cm. História econômica do Brasil (1872/1890). Áreas de interesse: História, Geografia, Sociologia, Antropologia, Economia.

Focado na segunda metade do século XIX o livro aborda a transição do trabalho escravo para o livre na cidade de São Paulo, as ocupações exercidas por negros libertos, sua incipiente ascensão social e como posteriormente foram excluídos do mercado de trabalho assalariado.

O texto, desenvolvido sob orientação da professora doutora Vera Lucia Amaral Ferlini, se baseia na documentação dos arquivos do Estado, do Município, da Cúria Metropolitana, do Tribunal de Justiça e de vasta bibliografia em que se destacam Florestan Fernandes, Clovis Moura, Maria Odila Leite da Silva Dias e Lilia Schwarcz. É resultado da dissertação de mestrado defendida em 2007 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

O autor sustenta que a exclusão econômica, matriz da exclusão social, a que os negros brasileiros foram relegados, é resultado de um conjunto de ações protagonizadas pelo setor mais dinâmico e poderoso da classe dominante – os cafeicultores paulistas –, materializadas no incentivo a imigração de italianos, espanhóis, portugueses, alemães e diversos outros povos, para ocuparem os postos de trabalho antes destinados aos escravos.

A opção por marginalizar os ex-escravos e seus descendentes seria resultado de uma concepção racista desenvolvida pelas elites intelectuais brasileiras a partir de elaborações teóricas como o darwinismo social e a eugenia que teriam dado origem a “Ideologia do Branqueamento”.

Esta “ideologia” pregava que o Brasil era um país “atrasado e selvagem” porque a maioria da sua população, composta de índios, negros e mestiços, era inferior e incivilizável, sendo necessário “branqueá-la”. Para tanto deveria se promover a entrada de milhares de imigrantes europeus, civilizados, trabalhadores, superiores do ponto de vista moral, espiritual, cultural, mental e físico.

Assim, partes dos negros, uma vez libertos, teriam sido condenados aos trabalhos menos importante para a economia do País, com alto grau de informalidade, pior remuneração, insalubres e em muitos casos em situações análogas à escravidão. A outra parte teria se deparado com o desemprego estrutural e hereditário com todas as conseqüências advindas daí.

O resultado, conclui o historiador, é que a República e o capitalismo no Brasil constroem-se sob a égide do racismo, com profundo desprezo pelo trabalhador nacional e baseados em desigualdades entre negros e brancos que se mantém até os dias de hoje.

O Branqueamento do Trabalho



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