segunda-feira, 8 de junho de 2015

Lançamento do livro Transição e Exclusão, na cidade de Dois Córregos, interior paulista, na EMEFEI Profª Laura Rebouças de Abreu, com professores, vereadores (inclusive a presidenta da Câmara Municipal), dirigentes de ensino e militância. Recepção calorosa e muita generosidade!

Lançamento do livro Transição e Exclusão, na cidade de Dois Córregos, interior de São Paulo. Com a diretora Telma e a professora Silvana da EMEFEI Profª Laura Rebouças de Abreu.


O LIVRO QUE DESTRÓI O MITO DA DEMOCRACIA RACIAL

Transição e Exclusão – O negro no mercado de trabalho em São Paulo pós abolição – 1912/1920, o novo livro de Ramatis Jacino que a Nefertiti Editora apresenta ao público é resultante de pesquisa em nível de doutorado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências humanas da Universidade de São Paulo – FFLCH/USP. A base do estudo, que durou quatro anos, foram mais de 43 mil boletins de ocorrências emitidos entre 1912 e 1920, além de jornais, processos e outros documentos do período, encontrados no Arquivo do Estado de São Paulo.

Embasado em rica bibliografia e sob orientação da professora doutora Vera Lucia Amaral Ferlini o autor constatou a significativa exclusão do mercado de trabalho enfrentado pela população negra na cidade de São Paulo, nas primeiras décadas do século XX.  Buscando compreender as razões e os mecanismos dessa exclusão, constatou que houve uma opção por “branquear” o mercado de trabalho por parte das elites, negando ao homem e a mulher negra ocupações valorizadas socialmente e melhor remuneradas, privilegiando os imigrantes europeus. Percebe, ainda que mesmo as históricas “ocupações de negros”, nos serviços domésticos, no comércio de rua, no atendimento à saúde e demais atividades até então consideradas desprezíveis para brancos, foram intensamente disputadas pelos europeus, favorecidos por “ações administrativas” protagonizadas pelas elites abastadas da cidade e pela legislação que, implícita, e em alguns casos, explicitamente proibia que homens e mulheres negras trabalhassem em determinações ocupações.

Em complemento a sua dissertação de mestrado (também publicada pela Nefertiti, sob o título “O Branqueamento do Trabalho”), o autor demonstra que a legislação discriminatória e as ações das elites da cidade foram resultantes de uma ideologia racista que relacionava modernidade, desenvolvimento, evolução econômica e social ao desaparecimento das marcas da escravidão recente e, consequentemente, do seu maior símbolo o ex- escravizado.

Essa inédita abordagem acerca das razões históricas da marginalização da população negra paulistana, que contribui para marginalização no restante do País devido a importância econômica e política da capital paulista, merece ser conhecida e tem relevância, em particular, para os profissionais das área de história, geografia, sociologia, antropologia e economia.