sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Branqueamento do Trabalho - Release

O Branqueamento do Trabalho, Ramatis Jacino. Nefertiti Editora Ltda., 2008, 168 páginas, formato 18 cm x 11 cm. História econômica do Brasil (1872/1890). Áreas de interesse: História, Geografia, Sociologia, Antropologia, Economia.

Focado na segunda metade do século XIX o livro aborda a transição do trabalho escravo para o livre na cidade de São Paulo, as ocupações exercidas por negros libertos, sua incipiente ascensão social e como posteriormente foram excluídos do mercado de trabalho assalariado.

O texto, desenvolvido sob orientação da professora doutora Vera Lucia Amaral Ferlini, se baseia na documentação dos arquivos do Estado, do Município, da Cúria Metropolitana, do Tribunal de Justiça e de vasta bibliografia em que se destacam Florestan Fernandes, Clovis Moura, Maria Odila Leite da Silva Dias e Lilia Schwarcz. É resultado da dissertação de mestrado defendida em 2007 na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

O autor sustenta que a exclusão econômica, matriz da exclusão social, a que os negros brasileiros foram relegados, é resultado de um conjunto de ações protagonizadas pelo setor mais dinâmico e poderoso da classe dominante – os cafeicultores paulistas –, materializadas no incentivo a imigração de italianos, espanhóis, portugueses, alemães e diversos outros povos, para ocuparem os postos de trabalho antes destinados aos escravos.

A opção por marginalizar os ex-escravos e seus descendentes seria resultado de uma concepção racista desenvolvida pelas elites intelectuais brasileiras a partir de elaborações teóricas como o darwinismo social e a eugenia que teriam dado origem a “Ideologia do Branqueamento”.

Esta “ideologia” pregava que o Brasil era um país “atrasado e selvagem” porque a maioria da sua população, composta de índios, negros e mestiços, era inferior e incivilizável, sendo necessário “branqueá-la”. Para tanto deveria se promover a entrada de milhares de imigrantes europeus, civilizados, trabalhadores, superiores do ponto de vista moral, espiritual, cultural, mental e físico.

Assim, partes dos negros, uma vez libertos, teriam sido condenados aos trabalhos menos importante para a economia do País, com alto grau de informalidade, pior remuneração, insalubres e em muitos casos em situações análogas à escravidão. A outra parte teria se deparado com o desemprego estrutural e hereditário com todas as conseqüências advindas daí.

O resultado, conclui o historiador, é que a República e o capitalismo no Brasil constroem-se sob a égide do racismo, com profundo desprezo pelo trabalhador nacional e baseados em desigualdades entre negros e brancos que se mantém até os dias de hoje.

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