O LIVRO QUE DESTRÓI O MITO DA DEMOCRACIA
RACIAL
Transição e Exclusão – O negro no
mercado de trabalho em São Paulo pós abolição – 1912/1920, o novo livro
de Ramatis Jacino que a Nefertiti Editora apresenta ao público é resultante de
pesquisa em nível de doutorado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
humanas da Universidade de São Paulo – FFLCH/USP. A base do estudo, que durou
quatro anos, foram mais de 43 mil boletins de ocorrências emitidos entre 1912 e
1920, além de jornais, processos e outros documentos do período, encontrados no
Arquivo do Estado de São Paulo.
Embasado em rica
bibliografia e sob orientação da professora doutora Vera Lucia Amaral Ferlini o
autor constatou a significativa exclusão do mercado de trabalho enfrentado pela
população negra na cidade de São Paulo, nas primeiras décadas do século
XX. Buscando compreender as razões e os
mecanismos dessa exclusão, constatou que houve uma opção por “branquear” o
mercado de trabalho por parte das elites, negando ao homem e a mulher negra
ocupações valorizadas socialmente e melhor remuneradas, privilegiando os
imigrantes europeus. Percebe, ainda que mesmo as históricas “ocupações de
negros”, nos serviços domésticos, no comércio de rua, no atendimento à saúde e
demais atividades até então consideradas desprezíveis para brancos, foram
intensamente disputadas pelos europeus, favorecidos por “ações administrativas”
protagonizadas pelas elites abastadas da cidade e pela legislação que,
implícita, e em alguns casos, explicitamente proibia que homens e mulheres
negras trabalhassem em determinações ocupações.
Em complemento a sua
dissertação de mestrado (também publicada pela Nefertiti, sob o título “O
Branqueamento do Trabalho”), o autor demonstra que a legislação discriminatória
e as ações das elites da cidade foram resultantes de uma ideologia racista que
relacionava modernidade, desenvolvimento, evolução econômica e social ao
desaparecimento das marcas da escravidão recente e, consequentemente, do seu
maior símbolo o ex- escravizado.
Essa inédita abordagem
acerca das razões históricas da marginalização da população negra paulistana,
que contribui para marginalização no restante do País devido a importância econômica
e política da capital paulista, merece ser conhecida e tem relevância, em
particular, para os profissionais das área de história, geografia, sociologia,
antropologia e economia.
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